Pelo fato dos aparelhos aéreos, como o próprio nome diz, estarem suspensos a determinada altura do solo e, muitas vezes, o artista estar sem o contato com o mesmo (ao vôo), algumas medidas de segurança devem ser respeitadas para evitar acidentes.
    A primeira, e mais importante, é a verificação da instalação do aparelho e a vida útil das faixas, manilhas e cordas que suspendem o mesmo. Na tradição circense, normalmente, cada artista realiza a manutenção, fixação e verificação do seu próprio equipamento. Caso esta tarefa seja realizada por uma terceira pessoa, é recomendável que tenha formação e conhecimentos adequados. Infelizmente, a realidade econômica dos artistas circenses brasileiros, freqüentemente, impede a substituição e manutenção dos equipamentos como deve ser feita.
    A segunda medida é a utilização de acessórios que garantam a proteção em caso de quedas, como colchões, redes e lonjas de segurança, dentre outras. Estes materiais são imprescindíveis para o treinamento dos aéreos. No entanto, são caros e ocupam espaço. No caso de um aprendiz, o bom senso do professor (sensibilidade e experiência do instrutor) é fundamental, sendo aconselhável o início da prática a baixa altura, e paulatinamente, conforme a evolução do aluno, ir aumentando a altura.
    Outra questão importante é, mesmo a poucos metros de altura, nunca pular ou saltar do aparelho para descer. Recomenda-se utilizar cordas, escada ou tecido para descer do aparelho, pois às vezes a noção de profundidade e altura pode ser confundida e gerar um acidente a partir desta falha na percepção espacial.
    Alguns movimentos costumam queimar (ferir a pele) ou causar hematomas por conta do atrito ou choque do corpo com o aparelho. Nestes casos, o uso de roupas apropriadas que cubram as axilas, região abdominal, cintura e pernas (a maior superfície possível do corpo) ajudam a evitar as escoriações e os hematomas ocasionados pelo contato brusco com o aparelho. O uso de calçados especiais (botinhas flexíveis de couro) e tornozeleiras aumentam o conforto e a segurança. Portanto, devemos atentar-nos também para a questão da vestimenta adequada.
    Outro aspecto importante para a segurança é o uso de substâncias como "magnésio" ou "breu" para proteger contra o suor (manter seca) das mãos e outras partes do corpo e, portanto, garantir a aderência desejada aos aparelhos. Em alguns casos, também serão necessários cuidados especiais com as mãos, como por exemplo, cortar calos, usar protetores de mãos (parecidos aos de Ginástica Artística no caso do trapézio em balanço e, principalmente, no caso do trapézio de vôos - caso em que o protetor não pode ser o da GA, mas semelhantes, sem fivelas metálicas) e também faixas (fitas) no punho para aumentar o agarre entre as mãos.
    Para todas as modalidades aéreas o material deve ser de qualidade e se possível certificado, com capacidade para suportar cargas bem superiores a que os artistas impõem com seu próprio corpo (mínimo de cinco vezes o peso dos artistas no número). Atualmente, é recomendável utilizar cordas dinâmicas, semidinâmicas ou estáticas de alta resistência (tipo escalada), certificadas por fabricantes reconhecidos e especializados. O mesmo se aplica aos mosquetões, cadeirinhas, cinturões, roldanas, cabos e todo o material utilizado. Em alguns casos, os aparelhos são confeccionados pelos próprios artistas, pois não há produção industrial. Neste caso, certifique-se da procedência, do histórico do artesão, e avalie o desgaste regularmente.
    Não podemos esquecer que a adequada preparação corporal (condicionamento específico) para a prática dos aéreos é fundamental para a qualidade da mesma e para um desenvolvimento eficaz do processo de aprendizagem. Da mesma forma, a compensação postural e física para os excessos que alguns segmentos recebem (por exemplo, a articulação dos joelhos no quadrante) deve ser tratada adequadamente para evitar problemas a longo prazo.
    Um erro bastante comum é o portor flexionar os pés (flex) para não escapar do quadrante. Erro de julgamento que leva ao encurtamento e lesão dos músculos gastrocnemios da perna. O sistema de treinamento corporal é semelhante ao empregado na Ginástica Artística de competição, e deve buscar a maior especificidade possível, como sugerem os novos manuais editados pela FEDEC (2006).
    Nas modalidades em duplas, trios ou "em conjunto" será fundamental manter uma excelente confiança e sincronismo entre os companheiros. Esta cumplicidade será garantia de segurança e êxito no trabalho.



    Cabe destacar que países como França e Austrália possuem leis federais que regulam as atividades artísticas, incluindo as circenses. Na França, em particular, toda apresentação em que os artistas se elevem acima dos 4 metros de altura deve ser acompanhada por medidas de segurança especiais, como lonjas e colchões de queda (CNAC). Mesmo que não se apliquem tais regras em nossa sociedade, o entendimento dos sistemas e procedimentos de segurança deve ser de conhecimento de todos os praticantes e professores.




    Há um movimento encabeçado pela Associação Brasileira de Escolas de Circo no sentido de desenvolver uma cartilha básica de segurança para procedimentos em circo, abarcando diversas áreas (condicionamento físico, práticas de prevenção, equipamentos, princípios para montagem, princípios para apresentação para público, etc.). Somos conscientes de que as indicações anteriores representam apenas algumas das medidas que devem ser tomadas para preservar a saúde dos artistas e do público. No entanto, dada à falta de um material amplo sobre o assunto, acreditamos que pode ajudar aos iniciantes nesta prática. Enfim, estas são algumas medidas mínimas que podem ser tomadas pelos acrobatas aéreos para prevenção de acidentes, visto o risco da modalidade.

Copyright 2010 Malabar&art
Lunax Free Premium Blogger™ template by Introblogger